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Casos de Ansiedade e Depressão crescem na pandemia, mas é possível contornar problemas

A saúde mental é um importante ponto de atenção em meio à pandemia - a ONU chegou a emitir um alerta neste mês, dizendo que a situação pode desencadear uma grande crise de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

No Brasil, estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) publicado no início de maio mostra que casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram no País, enquanto os de depressão tiveram aumento de 90%.  

Os números não são uma surpresa, dizem especialistas. “É um efeito esperado. Estamos expostos a altos níveis de ameaça e estresse, como o medo da infecção, o medo de perder pessoas, o receio de voltar contaminado do trabalho, o luto e os problemas econômicos e políticos”, afirma Felipe Corchs, psiquiatra do Programa de Transtornos de Ansiedade da Universidade de São Paulo (USP).

Além de ser uma consequência previsível, psicólogos e psiquiatras ouvidos pelo Estadão destacam que certos níveis de sofrimento, ansiedade e depressão são legítimos no momento que estamos vivendo. “Não é esperado que as pessoas atravessem toda essa fase de tensão, insegurança e ameaça sem serem afetadas de alguma maneira. Todo mundo sente um pouco de medo e abatimento”, diz Mario Eduardo Pereira, psiquiatra e psicanalista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Elisa Zaneratto Rosa, professora de psicologia social e saúde mental da PUC-SP, reforça: “Não nos faltam motivos para estarmos tristes. Estamos falando de uma mudança muito radical no mundo, que nos desconectou das bases sobre as quais estávamos estruturados. Também há uma angústia em relação ao futuro, porque estamos diante de uma situação que está fora do nosso controle”, afirma.

Sensações de ansiedade decorrentes da pandemia foram inevitáveis para Bárbara Braz, de 29 anos, que começou a fazer terapia durante a quarentena. Ela havia se mudado para a África do Sul em janeiro deste ano para empreender na área de turismo e teve de voltar às pressas para São Paulo no começo de abril. “O estresse começou com o processo de volta para o Brasil, conseguir vôo e tudo mais. Cheguei aqui cansada, com muita carga psicológica. Todos os meus planos mudaram e tive de entender como ia me manter financeiramente. Foi bem difícil organizar todas essas emoções ao mesmo tempo”, conta Bárbara, que sentiu o impacto da situação principalmente nas noites de sono, com dificuldade para dormir.

Cuidados

Algumas medidas podem ajudar a lidar com a situação: “É importante tentar manter uma rotina e organizar um funcionamento de vida pessoal e profissional. Atividades físicas também são bem-vindas. Além disso, neste momento é essencial manter contato por meio dos recursos virtuais com as pessoas que são afetivamente significativas para você”, afirma Mario Eduardo Pereira, da Unicamp. O psiquiatra Felipe Corchs, da USP, também destaca a importância de se expor ao sol durante o dia, mesmo que seja por uma fresta de luz no apartamento.

A paulistana Bárbara tem praticado exercícios físicos em casa diariamente para aliviar a ansiedade. “Também busco sempre ter um momento para mim durante o dia, para ver um documentário de um assunto que me interessa, por exemplo”, diz ela, que agora dedica-se a atividades freelancer trabalhando de casa. Depois que começou a fazer terapia, Bárbara sente que está lidando melhor com a situação - ela faz sessões semanais na plataforma virtual de atendimento psicológico Zenklub. “O chá de camomila antes de dormir também tem ajudado.”

Em alguns casos, entretanto, é preciso um pouco mais de cuidado e a ajuda profissional torna-se essencial, seja psicológica ou médica. “Para identificar se o problema é mais sério e demanda busca por profissionais, costumamos usar o critério de funcionalidade. Estou em um estado de desânimo que não faço o que preciso e não como direito? Isso está me paralisando? Está provocando reflexos no trabalho, na família ou nas minhas relações sociais? Se sensações desse tipo forem contínuas, e não só algo pontual de um dia ou outro, podem ser sinais de alerta”, explica o psiquiatra Felipe Corchs, da USP.

A estudante de Veterinária Juliana Carvalho recorreu a um psiquiatra para lidar com sintomas de ansiedade. “Procurei ajuda médica antes da quarentena, porque estava sentindo cansaço, sono excessivo e irritabilidade”, conta ela, que viu esses sintomas piorarem no isolamento. “Há o medo da contaminação, de perder o emprego, de não conseguir fazer as aulas a distância. Só piora.” Juliana buscou o psiquiatra na rede Cia. da Consulta, que registrou aumento de 244% nos atendimentos psiquiátricos entre março e abril.

Para a professora da PUC-SP Elisa Zaneratto Rosa, é essencial que neste momento as pessoas acolham todas essas angústias. “Não se cobrar de estar bem é um primeiro passo para lidar de um jeito bom com a situação. Vá identificando a intensidade desses sofrimentos e observando o quanto eles vão de alguma maneira te paralisando. Mantenha a calma, porque são sentimentos legítimos neste momento.”

 (Texto: Reprodução do Jornal O Estado de São Paulo)

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